quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Diário de Mariana

29 de setembro

Querido diário,

Às vezes, tenho vontade de espreitar a agenda da minha mãe. A minha mãe gosta de dizer “a minha moleskine”. Fui eu que lha ofereci e fico toda orgulhosa quando vejo a minha mãe a escrever nela ou a tomar algumas notas. Um dia, não resisti e abri a agenda ao calha para ler o que estava lá escrito. Parecia mesmo curiosidade mórbida. Vi logo um texto sobre um café a que a minha mãe deu o nome de Café da Magnólia Comecei a ler e, de repente, chegou a minha mãe e disse-me com ar de quem está mesmo zangada: Mariana, não posso acreditar; Mariana, tu tens o teu diário e eu nunca o abri e tens coragem de espreitar a minha moleskine? (Senti-me como se estivesse com um olho no buraco da fechadura). Ó mãe, disse eu, quando abri a tua moleskiiine (prolonguei a palavra como faz sempre a minha mãe), o Café da Magnólia chamou por mim e eu entrei. Mariana, ainda me disse a minha mãe, não te ponhas com ironias tolas.

Depois de jantar, a minha mãe chamou-me para junto dela e disse-me: Mariana, vou ler-te o que escrevi sobre o Café da Magnólia numa das viagens mais bonitas que fiz na minha vida a uma cidade americana. Via-se mesmo que tinha tanta vontade de falar da viagem que esqueceu a cena da moleskine. Fixe.

Enquanto eu ouvia ler o texto, as minhas irmãs estavam no computador. Têm sempre trabalhos para entregar, assuntos a estudar, mails para responder, artigos para ler… A minha mãe disse-me que no café da Magnólia toda a gente estava a estudar. Um dia, gostava de lá ir, mas se for, levo só o meu diário e já chega. Fogo.

Muitos xis, querido diário.

Mariana

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