sábado, 26 de novembro de 2011

Para escrever é preciso ser/estar triste?

Picasso
S/cem palavras

Um escritor, Manuel António Araújo, foi a uma escola, ESG, falar sobre Literatura numa ação de formação para professores. A páginas tantas, afirmou que os escritores têm um traço comum: são tristes. Muitos discordaram, mas o autor manteve a sua convicção.

Passados alguns dias, na mesma sala, uma aluna dizia à professora que não conseguia escrever um conto de Natal, como havia sido pedido:

- Ó professora, ainda não fiz o trabalho. Só consigo escrever quando estou triste.

A professora, surpreendida, contou-lhe o que ouvira dias antes. A adolescente rematou: ele tem razão, professora.



4 comentários:

  1. Ola Professora!

    Eu pessoalmente concordo com o escritor Antonio Araujo que a tristeza inspira varios escritores, mas tambem muitos cidadaos comuns a expressarem-se melhor.
    A minha unica duvida e esta. Sera que Jose Saramago era um escritor triste ou um escritor revoltado?

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  2. Olá, Rui, estás bem? Dizem que em N. York está-se sempre bem!!!

    Eu diria que qualquer escritor revela um desassossego perante o mundo que o rodeia. Se não existir, não haverá, por certo, necessidade de partilhar dúvidas, sentimentos... através da escrita e bom domingo.
    Um beijinho
    M.

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  3. Entre esta mensagem e o envio, falámos pelo telefone. No texto, houve coisas que ficaram misturadas.

    Claro que dizer que se está sempre bem em N. York são coisas de turista ou de quem está de passagem!!! Como em qualquer grande (ou pequena) cidade!

    De novo, bom domingo!
    Um beijinho
    M.

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  4. Compreendo o Manuel António Araújo.
    Quando se está triste, a escrita permite o desabafo; as pequenas alegrias que se tem tornam-se enormes (excessivas até) e motivam a partilha. O pequeno passo alcança o mundo; a pequena e fugidia lágrima faz-se mar no sal que dá a beber.
    Acontece até que, quando estamos cansados de mentir a nós mesmos, a alegria passa a brilhar no papel.
    Acredito, contudo, que a alegria também possa ser motor da escrita (para memória futura; para encontrar o espaço que o nosso peito, a nossa cabeça e a nossa garganta não têm, para o que teima em transbordar; também para lembrar a tristeza que se não tem). Há poemas de felicidade imaginada, mas também os há da vivida.
    Seja um caso seja outro, tudo é melhor que o vazio, que a página em branco à espera, que a ausência de vontade. E talvez tudo isto também seja preciso, para que o escritor consiga construir o juízo que o fará ser, nalguma coisa, criativo ou ser vivido.
    (Ui! Para o que me deu!)
    (Ainda bem que não fui à sessão! Se só de ler deu nisto, o que aconteceria se tivera ouvido?)
    Bj.
    VO

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