segunda-feira, 30 de abril de 2012

As maias

Quando eu era pequena, íamos aos matos das proximidades apanhar maias para pôr nas fechaduras das portas na noite de 29 de abril para 30 de maio. Julgo que a tradição ainda se mantém, porque as maias que se veem estão sobretudo em lugares altos onde não é fácil chegar. As que estavam ao alcance da mão foram sendo colhidas.
Também muitos lavradores ou pessoas que tinham hortas colocavam maias entre as batatas, as favas, as ervilhas... Pretendia-se que tanto as casas como os campos fossem preservados do mal. Dizia-se que as maias defendiam os campos do arejo, que causava a destruição. Nas casas, o diabo não entraria se na fechadura houvesse raminhos de maia.
Ficam festivos os matos pintados assim de amarelo. É uma forma de olharmos um pouco mais para a natureza e de acreditarmos, com bondade e inocência, em forças que nos transcendem.
Procurei, na net, a origem desta tradição, que eu julgava pagã. O que me apareceu tem até raízes cristãs.
Para além de como tudo começou, vou tentar arranjar maias para pôr nas fechaduras das portas. Como muitas mais haverá, a noite ficará mais alegre e colorida. Não vá o diabo entristecê-la.



2 comentários:

  1. Texto bonito.
    Acho que já li um texto que falava deste hábito como sendo mesmo pagão e que os cristãos adaptaram. Se o encontrar (ai esta memória!) mostro-to.
    Entretanto, em maio, não me deixo levar muito pelas maias. Prefiro 'Os Maias'!
    (Não é troca de género, não...)
    ;)

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    1. Pois, neste tempo das maias, ando também com Os Maias de Eça de Queirós. Ainda estamos a entrar no Ramalhete: olhando (espero que sim!) os frescos das paredes, a Vénus Citereia, o ramo dos girassóis...

      Um abraço
      M.

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