quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Sabes quanto vales?"

É constrangedor o que se está a passar em muitas escolas com a redução do pessoal docente. Julgo não errar se disser que são dezenas, por estabelecimento de ensino público, que deixam de ter lugar. 

Vão sendo conhecidos casos de professores na casa dos quarenta-cinquenta anos que, de repente, se veem obrigados a concorrer para outras escolas. O que lhes é dito é que em caso de não haver vaga, regressarão à escola para outro tipo de trabalhos. O ministro diz que todos terão lugar, o que não diz é até quando.

Apesar de o mês de setembro já estar próximo, não se sabe que trabalhos vão executar os professores que ficarem com o horário zero. Pesa também o receio de, mais tarde ou mais cedo, o lugar poder ser extinto.

Claro que tal acontece em qualquer área profissional e a contenção de custos parece ser uma necessidade à qual não se pode fugir.

Para se poupar dinheiro, criam-se mega-agrupamentos de escolas, aumenta-se o número de alunos por turma, reduzindo-se os horários. No entanto, quase ao lado de muitas escolas públicas, existem estabelecimentos de ensino privados que são subsidiados pelo estado.
Essas escolas privadas selecionam os alunos e, mesmo assim, recebem dinheiros públicos.
Então não há dinheiro para umas coisas e há para outras?

Para além destes factos, o critério de afastamento dos professores assenta apenas na sua graduação. A qualidade do trabalho realizado ao longo dos anos de nada parece valer.

Esta situação faz-me lembrar um programa televisivo brasileiro em que se repetia:
- "Sabes quanto vales"?
- "Vales zero"!

As novas gerações vão interrogar-se se vale a pena participar ativamente do Projeto Educativo de escola e do Plano de Atividades.

Já que valem zero, têm mais que fazer.


2 comentários:

  1. Só um Ministério com os seus estudos de gabinete a promover medidas destas, a levar pessoas a tomar decisões impensáveis e, seguidamente, a dar o dito por não dito é que vale zero.
    Tudo isto num período preparatório de férias que, diga-se de passagem, só dá para desconfiar do sossego que estas venham a ser.
    Por estas razões, pela desconfiança que o próprio ministério acaba por criar junto dos que para ele trabalham, é que vão ter de me aturar mais um ano.

    ResponderEliminar
  2. Sim, realmente tudo seria mais confortável se as decisões do ME fossem tomadas às claras, com mais tempo e de forma transparente.

    Vem mesmo a propósito dizer que "não se sabe o dia de amanhã".

    Um beijinho

    M.

    ResponderEliminar