domingo, 24 de fevereiro de 2013

Um espaço feliz e tempo também



"Domingo de Chuva"

"Há um cafezinho escondido nas dunas onde fui muito feliz!
Inicialmente, chovia que Deus a dava e fomos obrigados a “perentardecer”, que é como quem diz “passar a tarde que entardece”, aconchegados a uma pequena mesa redonda, protegidos, ela e nós, no interior daquele pequeno abrigo turístico.
Ali, aquecemos as mãos na porcelana quente das chávenas de café. Aquecemos as mãos, porque a alma, essa, vinha ainda febril dos sonhos visionados a dois e dos projetos desenhados ao sol, no dia anterior.
O homem põe e Deus dispõe!
E os projetos sonhados foram apenas argumento dum filme que não foi naquela tarde, porque o bom tempo faltou às filmagens! Só a chuva, teimosa, compareceu, em insistentes takes, turvando-se na atmosfera.
O dourado das dunas era cinza. Às vezes, verde-musgo.
Nessa tarde, elas não seriam divãs para nós, nem roeríamos maçãs, como diz na canção!
Ficámos pelas quatro paredes e, nos intervalos do café, trincámos uma tosta mista com um fino a acompanhar. E falámos.
Às vezes, por silêncios interrompidos por palavras, breves pausas na emoção que nos cingia! E com elas e sem elas, amámos, já que as mãos se aconchegavam ao calor branco da porcelana e os corpos se encolhiam, retraídos pela presença de estranhos (como nós o éramos para eles)! Ali, todos os biombos eram transparentes, bem mais indiscretos do que os da canção.
E nas palavras despimo-nos e fomos nós. Mais do que tu e eu.
Nós!
E fomos felizes sem as dunas, sem as maçãs, sem os biombos…
Numa câmara lenta na tarde, envidraçada, qual aquário a seco na chuva de domingo".

IA
Porto, 19 de fevereiro 2013

Este texto foi-me enviado pela IA. Gostei muito e perguntei-lhe se o podia "postar".
Aqui fica, então. Possa ser uma nota feliz de final de domingo... de sol! 


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