sábado, 6 de abril de 2013

Era uma vez nos Clérigos

Imagem da net

O casal chegou aos Clérigos. Em breve, os dois jovens poderiam subir até ao cimo da Torre dos Clérigos. Era um desejo comum. Alguém já lhes tinha dito que valia a pena transpor tantas dezenas de degraus. O dia de verem o Porto, do alto, tinha chegado.

Depois da autorização do porteiro, lá foram eles torre acima. 

Subiam, subiam, às vezes respiravam mais fundo, outros iam mais devagar... Estava quase. 

Ei-los finalmente no topo. Os olhares fixavam-se nos telhados, nos azulejos tantas vezes de cor azul, nas árvores do jardim da Cordoaria, nas ruas estreitas, nas grades das varandas, nas pessoas que pareciam pontos pequenos em movimento...

Tiraram  muitas fotografias. Reviam algumas, bem juntos. De rostos unidos, também se fotografavam. E clicavam para ver se a luz do fim da tarde não lhes tinha obscurecido o rosto. Estavam sós e beijavam-se, felizes. Nessa mesma noite, algumas fotografias seguiriam para os familiares na Turquia. Todos gostariam de ver mais sobre a cidade onde os dois estavam a fazer  Erasmus.

Olhavam à sua volta. Apetecia ficar mais um pouco na cúpula de silêncio e quase penumbra. Já não havia turistas à volta. A cidade serenava-se à luz crepuscular. Abraçaram-se de novo e começaram a descer.

Sabiam que a hora de fechar era às sete. Ainda tinham tempo, mas queriam cumprir o horário. Fá-lo-iam com certeza. 

Enquanto desciam, iam falando da experiência. Descidos os imensos degraus, chegaram à porta.

Ele - A porta está fechada e ainda não são sete horas!
Ela - E agora, o que vamos fazer? 
Ele - Não chores, tem calma, vamos conseguir sair.
Ela - Mas como, se não há ninguém e está tudo trancado?
Ele- Vamos subir de novo e gritar por ajuda.
Ela - Subir de novo? Estou cansada. Não sei se consigo.
Ele - Fica então aqui que vou eu.
Ela - Não fico aqui sozinha que tenho medo.
Ele - Vamos estão subir os dois e depressa.
Ela - Como é que nos ouvem se a torre é tão alta?
Ele - Vamos lá, o melhor é não perdermos tempo.

Chegando ao pátio superior, começaram a acenar, a chamar, a gesticular... e um vigilante do Centro Comercial apercebeu-se e, a partir daí, tudo foi mais fácil. De telefonerma em telefonema, chegou-se ao Chaveiro dos Clérigos. Do seu molho de chaves, escolheu logo a que serviu para abrir a porta da Torre. Poder-se-ia até dizer que se abriram as portas do Céu que, neste caso, era a cidade. Já libertos, os dois partiram, abraçando a cidade.

Na Turquia ou em Portugal, a Torre dos Clérigos seria sempre motivo para mais um pormenor da história que parecia de Era uma vez...

Nota - Contaram-me, hoje de manhã, que dois jovens tinham ficado fechados nos Clérigos. Foi o Chaveiro que lhes veio abrir a porta.
Gostei da história e imaginei alguns pormenores. Quem conta um conto, é claro, acrescenta um ponto!



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