domingo, 22 de dezembro de 2013

NATAL E NÃO DEZEMBRO


 Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira

2 comentários:

  1. Espero que tenhas tido um bom Natal, sem o dezembro austero de David Mourão-Ferreira, mas com a festividade do ciclo da vida de Pedro Tamen:
    https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc3/1511301_733556939990031_100810616_n.jpg

    Beijinho

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  2. Obrigada, Vítor e para ti também.
    Realmente, dezembro, leia-se Natal, é um pouco de tudo que sugeres.
    E como estou a viver a situação de doença grave de familiar muito próxima, agudizada nos últimos dias, mais sinto o misto de luz e sombra, que parece acentuar-se nesta quadra.
    Beijinho e bons dias de algum descanso.
    M.

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