sábado, 7 de maio de 2016

"Mil beijos para a minha mãe"

Através de uma amiga, chegou-me este poema. 
Logo perguntei: posso publicá-lo no meu blogue?
Ela disse que sim. Obrigada.

Parabéns, Ana, continua a escrever, a desenhar, a pintar...
e a celebrar todas as felizes "Nascentes".
Um beijinho



 Dentro de mim o Tempo

Vulto abstracto, no absurdo do puro acaso, numa alegoria de aventureiro, carrega em si composições de luz e sombra, encerra as vozes do começo e do fim.

Como num contratempo, corado, debruça-se sobre o desalinho e discreto funde memórias, garantias da alma gravadas num horizonte de idealista.

Ilustra e ilumina com imperturbável serenidade o inabitado sentimento do instante e interpreta a interminável longa-metragem em que a lucidez o mergulhou.

Metáfora de um mestre-de-cerimónias que meticulosamente e num só movimento, mudo de mudança, com naturalidade e nervosismo nomeia a nuvem que passa como obra-prima da opressão.

Paralisado, abre os parênteses do particular e parte.

Parto, passagem para o outro lado… pássaro passional no pedestal de pedinte pelado e pedreiro. Peixe-vermelho, peregrino.

Personagem que pertence e perturba, planeta plural, polpa de porco-espinho porventura Português.

Pouco povo no prato. Precioso predador da presa que prevalece na previsível Primavera. No princípio, como principiante, priva-se de pressões. Procissões ou projecções de prolíferos progressos.

Os pronomes - propósitos de prosperidade – purificam a verdade. Quarentena de quebra-mar e solidão, queda quente no quotidiano.

Rapsódia rápida, rasga o real, receosa da recepção. Reciclável e recomendado reencontro, refinado reflexo do refugiado, que no seu reinado, reivindica o relâmpago e a relíquia.

Num repertório resfriado e repetido, retalha o reumatismo revoltado e roda…

Roda, romântico e rosé, saber e sabão. Sofre secreto e segredo de sentido – sentidos de sequência.

Silhueta simpática e singular, desenvolve sintomas sinónimos de dor.

Na soleira a solução, soltar o solúvel, a soma do sonhador que na sua soneca sopra suavidades do subconsciente.

Supérfluos superlativos de supermercado surgem em súplicas suspeitas de teimosia. Temporadas de tendas que no tempo tenso tenta. Teoria ou terapia de termas que no seu termo terno, abraçam o terreno típico e a tiracolo tocam no absoluto. Tradição ou tragédia, no trampolim, transtornos trocados, trombones e trompetes de trovoada, túnica de ultramar.

Numa ultrapassagem, a unidade, universalidade útil da vaidade. Num vaivém, valente, na vanguarda da vela e do verbo.

Verdadeiro verde, verosímil… verso com cem mil versões, vértebra do vira-lata, vistoso vocalista da vontade e do voo.

Vulto vulnerável e vulgar, a zumbir, lembra – dentro do possível – e num desfecho desesperado, as suas memórias descuidadas e a descolar.

Completo o quadro complexo, chora e exalta - como cigarra – a origem da sua ousadia. Atlântico como o Oceano, celebra a sua nascente.

Mil beijos para a minha mãe… Ana Loureiro

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