domingo, 14 de maio de 2017

Com os nossos olhos

Ontem, ouvi uma jornalista (Fátima Campos Ferreira) dizer que o Papa tinha cumprimentado, individualmente, todos os jornalistas na viagem aérea de Itália para Leiria, e com todos trocou algumas palavras, olhando-os nos olhos, como se só essa pessoa estivesse no avião.
Hoje, vi imagens da tomada de posse do presidente francês Emmanuel Macron que cumprimentou os convidados, parando junto de cada um e não apenas os instantes fugazes de um cumprimento.
Estes, aparentemente, pequenos gestos podem, para além de algum ritual de cerimónia, significar que todas as pessoas são importantes. Possam ir modificando modos de relacionamento que, consciente ou inconscientemente, são postos em prática seja onde for.
Um olhar pode, de facto, facilitar a aproximação; desviar o olhar ou nem sequer dirigir os olhos na direção de alguém pode levar a um afastamento. Por exemplo, alguns alunos queixam-se de que há professores que não os "veem" porque não olham para eles.
Há muitos muitos anos, num pequeno hotel de termas onde estava com os meus pais, as pessoas confraternizavam, sobretudo ao final do dia. Havia, então, uma senhora que eu via no átrio muitas vezes e que se sentava, como os demais, para conversar, mas que me causava muita confusão. Quando falava, fechava sempre os olhos, não olhando para a pessoa com quem conversava. Eu interrogava-me por que o fazia, porque achava estranhíssimo que não olhasse o rosto nem os olhos das pessoas, como se neles encontrasse uma luz que não pudesse enfrentar. Foi uma imagem que me ficou e que é recorrente na minha memória. 
Felizmente, há coisas que vão mudando para melhor. Oxalá os nossos olhos também ajudem.

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