quarta-feira, 1 de novembro de 2017

As avencas das minhas tias

 Quando eu era pequena, gostava de ir para a "sala de cima", de uma velha casa de lavoura onde a família da minha mãe sempre tinha vivido.
Ora, para se chegar à tal sala, tinha de se passar por uma varanda cheia de luz e de vasos de avenca em cima de colunas de madeira.
As avencas eram tratadas com delicadeza e com frequência para que não passassem fome nem sede. Às vezes, eram mudadas de sítio para serem poupadas aos excessos do sol ou do calor.
Eu vira as minhas tias a cuidarem das avencas desde sempre. As avencas eram verdíssimas e viçosíssimas e as minhas tias pareciam-me velhas, mas só agora vejo que eram novas e que, se todas vivessem, só agora seriam velhas.
Hoje, pela manhã, apanhei um raminho de avencas, juntei-lhes uma orquídea, atei-as com um fio claro e fui depô-las onde algumas já moram há algum tempo.
Não sei se viram, mas a intenção também não era essa.

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