sexta-feira, 13 de abril de 2018

Algumas semelhanças e muitas diferenças

À volta da mesa, estavam quatro mulheres. Amigas. Duas delas tinham contos publicados e uma destas publicara um livro juvenil. Ambas gostavam de escrever. Mesmo muito de escrever. Direi até que seriam infelizes se não escrevessem, embora fosse pouca a publicação.
Uma das outras duas que estavam à volta da mesa disse: 
- Vocês, as escritoras.
E logo, entre sorrisos, veio a resposta da amiga e também amiga da escrita:
- Nós escrevemos, mas não somos escritoras.
Concordei com a resposta e fui pensando: Não sou escritora, mas dificilmente poderia viver sem escrever!
Julgo que ela também não.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Ainda vale a pena falar de flores?


"Ontem, quase à mesma hora em que um dos homens mais poderosos do mundo admitia não ter controlo absoluto sobre a rede social que criara, um outro homem, presidente dos Estados Unidos da América, usava uma rede social para empurrar o mundo rumo ao que parece ser o descontrolo absoluto."

In Expresso Curto de hoje

Gostava de lhes saber todos os nomes

Lírio ou íris (?) de laivos azuis
Tulipa altiva
Goivos perfumados
Macias margaridas
A minha mãe chama-lhes Bons Dias
Andorinhas entre malmequeres
Mesmo sem nome, merecem legenda

quarta-feira, 11 de abril de 2018

O que (sobretudo) muitas mães me diziam

Como diretora de turma, sempre recebi mais mães do que pais. Estes vinham quase sempre a acompanhar a encarregada de educação e também quase sempre deixavam entender que intervinham menos na educação dos filhos.
Quase sempre vinha à baila o tempo que os jovens dedicavam ao estudo e isso variava muito. Havia meninos que estudavam horas, o que se traduzia em muito bom aproveitamento e os que pouco ou quase nada dedicavam à sistematização das matérias.
Ora, várias mães confrontavam-se com um problema: os filhos passavam muito tempo em casa ou no quarto sozinhos, diziam que estudavam, elas queriam acreditar mas não podiam confirmar. Muitas vezes, diziam elas, estavam com o computador aberto, com o telemóvel ligado, dizendo que estavam a fazer os trabalhos de casa.
Em muitas situações destas, elas desconheciam sobretudo o funcionamento dos computadores, por isso, não dominavam a situação, nem pouco mais ou menos.
Porém, algumas afirmavam de pés juntos que os filhos passavam muito tempo a estudar, usando as novas tecnologias, logo, o mau aproveitamento só poderia ser justificado por falhas da escola. Outras, porém, reconheciam que o seu funcionamento lhes passava ao lado e que, por isso, ficavam confusas.
E quase todas as mães eram ainda muito jovens.

Muito atual e muito engraçado!

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Duas em uma!


Da cor dela mas sem ela!


É caso para dizer...

Que ganda nabo!!!

segunda-feira, 2 de abril de 2018

"Recomeçar"

Luís Liberato

Este poema foi-me também enviado por uma amiga (obrigada, A.).
 Gostei e "tem mensagem" para a vida, o que sabe sempre bem.
É bonito como todos os que conheço de Carlos Drummond de Andrade.

Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo,
é renovar as esperanças na vida, e o mais importante:
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado.
Chorou muito?
foi limpeza da alma.
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia.
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora.
Pois é, agora é hora de reiniciar, de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a
pintar, desenhar, dominar o computador,
ou qualquer outra coisa…
Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.
Tá se sentindo sozinho?
Besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza
nem nós mesmos nos suportamos,
ficamos horríveis…
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar?Ir alto? Sonhe alto. Queira o
melhor do melhor, queira coisas boas para a vida,  pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno,
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
Joga fora tudo que te prende ao passado,  ao mundinho
de coisas tristes: fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de
cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados…
Jogue tudo fora! Mas principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor. Lembre-se: “somos apaixonáveis”. Somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes, afinal de contas – Nós somos o “Amor”.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 31 de março de 2018

Feliz Páscoa!

 Ontem, uma amiga (Obrigada, D.) enviou-me uma mensagem.
Como gostei muito, também quero partilhar uma boa parte.
Feliz Páscoa!


 "Para a Quaresma, o Papa Francisco propõe 15 simples atos (...) que ele mencionou como manifestações concretas de amor:





 *1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!
 *2. Agradecer (embora não “precise” fazê-lo).
 *3. Lembrar ao outro o quanto o ama.
 *4. Cumprimentar com  alegria as pessoas que vê todos os dias.


 *5. Ouvir a história do outro, sem julgamento, com amor.
 *6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de si.
 *7. Animar alguém.
 *8. Reconhecer os sucessos  e qualidades do outro.



 *9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.
 *10. Ajudar alguém para que ele possa descansar.
 *11. Corrigir com amor; não calar por medo.
 *12. Ter delicadeza com os que estão perto de você.


 *13. Limpar o que  sujou, em casa.
 *14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
 *15. Telefonar ou Visitar Seus Pais."


 

quarta-feira, 28 de março de 2018

As páscoas de A Páscoa

Foto da net
A nossa infância e juventude estão quase sempre presentes na nossa vida, para o bem e para o mal. Recordo-me, por isso, dos dias de Páscoa e das páscoas, umas flores pequeninas que brotavam em canteiros e jardins por alturas de abril ou maio.
Como também me lembro do compasso - um grupo de homens de fato e opa branca que entravam em todas as casas que estivessem dispostas a recebê-los e que eram todas ou quase todas.
 À frente, vinha o padre, presença que passou a ser ausência porque as vocações religiosas há muito escasseiam. Trazia uma cruz que era dada a beijar para celebrar a ressurreição de Cristo, por entre água benta e a palavra Aleluia.
Para se fazerem anunciar, um dos elementos do grupo tocava uma campainha. A grande maioria das pessoas não saía de casa, enquanto a visita pascal não se efetuasse. Às portas, eram colocadas flores e folhas que convidavam à entrada.
Quando eu era menina, havia muitas crianças que seguiam o compasso, correndo e saltando porque era grande a diversão. Como os habitantes de várias casas ofereciam ao grupo rebuçados ou amêndoas, a seguir, as guloseimas eram distribuídas pelas crianças. Recordo até que as atiravam ao ar e as crianças quase se acotovelavam para as apanharem. Confesso que não era muito bonito de se ver, como não eram outras coisas dos anos sessenta.
Era então por essa altura que as flores, a que chamávamos páscoas, iam aparecendo, muito delicadas e branquinhas. Nós, as meninas, apanhávamo-las e fazíamos raminhos que segurávamos nas mãos pequeninas enquanto jogávamos à patela ou corríamos pelos carreiros ou calçadas.
Onde vivo, ainda passa o compasso em domingo de Páscoa e há páscoas em muitos sítios. No entanto, existem menos casas abertas nessa data e as meninas e meninos quase não sabem o que é o jogo da patela.
Mas sabem outras coisas, por isso, não deixa de ser Páscoa, nem as páscoas deixam de renascer.

domingo, 25 de março de 2018

Os ramos de Os Ramos

Foto da net
Quando eu era pequena, a minha mãe fazia uns pequenos raminhos de alecrim e oliveira, que decorava com flores, tudo cultivado por ela no jardim da nossa casa. Lembro-me sobretudo da cor dos goivos e do seu perfume. Sempre que vejo goivos, lembro-me desses domingos, assim como os ligo à chegada da primavera.
Em grupo, íamos a pé até à igreja para benzer o ramo. Depois de benzido, era tradição ser colocado numa jarra, em casa, para apaziguar tempestades ou trovoadas.
Quando chegávamos ao adro da igreja, logo víamos as pessoas, cada uma com o seu ramo, habitualmente pequeno. 
No entanto, havia rapazes e homens, ligados à agricultura, que carregavam grandes ramos de oliveira ao ombro. Talvez aproveitassem partes da árvore que haviam sido podadas.
Aos meus olhos infantis, os troncos pareciam tão pesados como uma cruz e não encontrava explicação para aquilo. O tempo não era de grandes explicações e todos os anos o ritual se repetia.
Um dia, passados muitos anos, passei pelo adro da igreja, em domingo antes da Páscoa, e vi muita gente sem ramo e os que vi eram muito pequenos. Senti saudades dos grandes ramos de oliveira que via na minha infância.
Muito perto, estava uma vendedora de flores, entre as quais havia goivos. Aproximei-me para sentir o cheiro e ver melhor a cor. 
Quis acreditar que eram semelhantes aos que a minha mãe punha no nosso ramo em Dia de Ramos.


terça-feira, 20 de março de 2018

Sinais de primavera


Também os nossos (ex-)alunos anunciam a primavera!

Este texto foi-me enviado por uma ex-aluna. Gostei muito, disse-lho (desculpa, Bia, pela demora da resposta!) e perguntei-lhe se o poderia partilhar. Disse que sim e fiquei contente.
Obrigada, Bia. É tão bom ser sempre aprendiz!
"Aprendiz
Tanto tempo passou e ainda não me consegui reconstruir. Juntar pedacinho a pedacinho daquilo que me levaste e não devolveste. A revolta passou, a raiva também, a vontade de estar contigo, de te ver, de te abraçar também. A dor já não é a mesma, já não me permite exprimi-la, gritá-la, deitá-la fora. Aprendi a viver com a impossibilidade de te ter, com a improbabilidade de te encontrar. Remeto-me à esperança, aquela intocável e implícita esperança que sei que nunca irá desaparecer. Finalmente deixei de viver para ti, libertei-me, pensei que não conseguia. Consegui. Se te amo? Amor que é amor nunca deixa de existir, apenas fica arquivado de forma diferente. Amar-te-ei para sempre.
Raros são os dias em que acordo e penso em ti, raras são as noites em que adormeço com o teu sorriso no meu pensamento. Porém, recordo-te. Vejo o teu sorriso todos os dias, sinto o teu perfume, sinto o teu toque. Ainda sou capaz de fechar os olhos e remeter-me até há dois anos e sentir tudo, com a mesma intensidade e vivacidade que me fez considerar esses os melhores anos da minha vida. No entanto, já não dependo de ti para ser feliz, para sorrir com a maior verdade, para me rir até me doer a barriga, para ter a consciência que mais tarde ou mais cedo amarei alguém, não como te amei porque ninguém é comparável, mas para amar. Simplesmente isso: amar.
Por vezes, durante todo este processo, achei que o tempo estava a ser traiçoeiro comigo e não estava a fazer o seu trabalho: atenuar aquela dor, tão forte, tão solitária, tão terrível, porém, não o podia ter feito da melhor forma. Fez-me perceber o quanto o amor dói, apesar de não haver nada mais poderoso no mundo que o amor. Tudo é amor, pode não ser demonstrado da melhor forma, pode não ser compreendido como era suposto ser compreendido, mas tudo o que fazemos é por amor apesar de continuar a ser uma pequena aprendiz e espero que para sempre o seja, não quero que o dogmatismo leve o melhor de mim, ou seja, a curiosidade, a cor da vida.
Muitas vezes pergunto a mim própria quanto tempo mais é preciso para poder ser capaz de me interessar por alguém, deixar de ter medo de viver, arriscar, voltar a ser quem era antes de ti. Mas é impossível. A vida e as suas circunstâncias modificam-nos a cada segundo. Sinto que esta impossibilidade me tira a respiração, mas também é por ela que respiro, para tornar a vida possível.
Agora, aqui sentada, vislumbro o horizonte que outrora vislumbrámos, relembro os planos que fizemos, as conversas que tivemos e as que não tivemos. Imagino como seria se, agora, aqui sentada,  tu estivesses ao meu lado, envolvidos no silêncio e no frenesim que era o nosso silêncio. Penso e repenso tudo o que disse e o que não disse, tudo o que sonhei e deixei de sonhar, tudo o que vivi mas não vivi, contigo e comigo. É a vida - dizem eles.
Para sempre serei uma mera aprendiz, que nada sabe mas que pensa, inofensiva e imaturamente, tudo saber, tudo viver. Um dia, quando souber verdadeiramente o que é o amor, prometo procurar-te, para te contar tudo o que descobri, para dissertar acerca do tudo e do nada, estejamos à distância que estivermos, vivamos a vida que vivermos.
Mas ... tenho uma coisa para te dizer: eu nunca irei procurar saber o que o amor é, pois, de e para sempre, desejo ser uma eterna aprendiz.
Bia"

sábado, 17 de março de 2018

Flores sob chuva de março


sexta-feira, 16 de março de 2018

Orlando com Disney dentro!



quinta-feira, 15 de março de 2018

Orlando - USA - Ontem


quarta-feira, 14 de março de 2018

Stephen Hawking - Um homem muito especial




Hoje o Expresso Curto noticia:
"Aos 76 anos, morreu na sua casa em Cambridge, no Reino Unido, um dos mais conceituados e geniais cientistas do planeta. O físico autor de "Breve História do Tempo". O homem que aos 21 anos viu ser-lhe detectada uma doença degenerativa rara (esclerose lateral amiotrófica), com uma esperança de vida de cerca de dois anos, e que sobreviveu mais de meio século depois disso. O cientista que nos habituámos a ver agarrado a uma cadeira de rodas e a comunicar através de um computador. Stephen Hawking. O anúncio foi feito em comunicado pelos seus filhos."

Do Expresso Curto também retirei " algumas das mais emblemáticas citações de Hawking:
Remember to look up at the stars and not down at your feet

My goal is simple. It is a complete understanding of the universe, why it is as it is and why it exists at all

Life would be tragic if it weren’t funny

We are just an advanced breed of monkeys on a minor planet of a very average star. But we can understand the Universe. That makes us something very special"

 

terça-feira, 13 de março de 2018

Convite de "Mimos e Livros"

segunda-feira, 12 de março de 2018

Refugiados e escritores

Lendo diferentes obras de J. M. Gustave Le Clézio para uma tese de mestrado, antes de este autor de língua francesa ter recebido o prémio Nobel em 2008, tomei contacto com dramas de refugiados, sobretudo chegados a França, vindos do norte de África, embora o mundo ainda não estivesse abalado pelo terrorismo, como nos dias de hoje.
Com a sua vasta obra, Le Clézio mostra que - recorrendo eu a palavras de Marguerite Yourcenar, em Les Yeux ouverts - é um escritor "qui ressent, qui regarde, qui agit".
Na coletânea de cinco contos Printemps et autres saisons (julgo que não está traduzido em português), esse autor conta histórias de cinco mulheres árabes, de diferentes idades, que erram pela França, nomeadamente no Sul, em busca de acolhimento e também de si próprias. 
Muitas delas foram vítimas de passadores que as abandonaram, sem qualquer escrúpulo, depois de lhes terem extorquido grandes quantias de dinheiro, fazendo lembrar os atuais naufrágios no mar mediterrâneo, afundando toda a poesia desse elemento mítico que tanto fascina os seres humanos.
"No mar não há Primavera nem Outono
No mar o tempo não morre"
Sophia de Mello Breyner
Várias vezes falei aos meus alunos. de Jean-Marie Gustave Le Clézio, escritor franco-mauriciano, em cujas obras aborda problemas cruciais do nosso tempo.
Quando vinha a propósito o tema dos refugiados, alguns alunos insurgiam-se contra a sua presença em países da Europa, repetindo, talvez, o que ouviam em casa: que vinham roubar os empregos e criar instabilidade social.
E lá pelo meio vinha o argumento, que me surpreendia e desagradava profundamente: "Se Salazar fosse vivo, ninguém entrava cá". E era preciso repetir-lhes que se Salazar fosse vivo, não poderiam sequer exprimir-se livremente, nem estariam na escola, à qual, felizmente, todos têm agora acesso. 
Repetiam que era o que os avós diziam. Parecia que muitos dos mais velhos  não tinham sofrido por terem começado a trabalhar demasiado cedo, de terem tido acesso apenas a uma escolaridade mínima, de não terem conhecido a liberdade de expressão, de terem estado fechados ao mundo...
De facto, a nossa capacidade de esquecimento supera atrocidades históricas.
Os escritores ajudam a que a memória não se perca e tentemos viver melhor e com mais consciência do papel de cada um no mundo. Quero acreditar que sim.